Ontem, o iene japonês avançou em relação ao dólar americano após a divulgação de dados fracos sobre o mercado de trabalho dos EUA, o que aumentou ainda mais a probabilidade de uma divergência crescente entre as abordagens de política monetária dos bancos centrais dos Estados Unidos e do Japão.

Hoje, o governador do Banco do Japão, Kazuo Ueda, fez um discurso no qual afirmou que o regulador só consegue estimar de maneira ampla onde pode estar a chamada taxa de juros neutra. A declaração foi feita em meio ao aumento das expectativas de que o Banco do Japão pode elevar as taxas ainda este mês.

"Com relação à taxa de juros neutra, infelizmente ela permanece sendo um conceito que, no momento, só pode ser avaliado dentro de uma faixa bastante ampla", disse Ueda no parlamento nesta quinta-feira. "Não sabemos qual será, mas isso determinará até onde as taxas de juros nominais poderão subir e quão apropriado isso será."

Vale destacar que a taxa neutra é o nível em que a política monetária não é considerada nem restritiva nem expansionista. A descrição de Ueda — enfatizando a dificuldade de definir essa taxa — sugere que o Banco do Japão ainda dispõe de espaço significativo para permitir o crescimento econômico antes que um aumento de juros deixe de ser estimulativo.

Apesar do tom cauteloso, seus comentários foram interpretados como um sinal de que o BOJ não descarta um aumento de juros no futuro próximo. No início desta semana, Ueda já havia dado sua indicação mais clara até agora de que uma alta poderia ocorrer, alinhando-se à reunião de 19 de dezembro. "O banco central avaliará todos os prós e contras de um aumento nas taxas e tomará a decisão apropriada", afirmou, mencionando a necessidade de analisar a economia, a inflação e os mercados financeiros domésticos e internacionais.

Essas declarações elevaram substancialmente as expectativas do mercado quanto a um aumento iminente. Os swaps overnight agora apontam para uma probabilidade de 80% ou mais de uma alta em dezembro, ante cerca de 58% no fim da semana passada.

Após os últimos comentários de Ueda, o iene se fortaleceu para 155,47 por dólar, embora a fraqueza geral da moeda persista — um fator que pode intensificar as pressões inflacionárias devido ao aumento dos custos de importação. A medida de inflação subjacente do banco permanece em ou acima da meta de 2% há três anos e meio. Para aliviar o peso sobre as famílias, a primeira-ministra Sanae Takaichi anunciou um pacote de estímulos no mês passado, embora seu impacto sobre a tendência subjacente da inflação ainda seja incerto.

Quanto ao qiadro técnico do USD/JPY, os compradores precisam retomar o controle acima da resistência imediata em 155,70. Somente então poderão mirar em 156,10, nível cujo rompimento será bastante desafiador. O alvo mais distante é 156,70.

Em caso de queda, os ursos tentarão reassumir o controle em 155,40. Se obtiverem sucesso, a quebra dessa faixa representará um golpe significativo para os touros e poderá empurrar o USD/JPY para a mínima de 155,05, com possibilidade de atingir 154,70.